Projeto de Lei Ordinária nº 212 de 2020

Nomina "Frei Policarpo Berri" como Protetor do Município de Pato Branco.

(Frei Policarpo faleceu no dia 4 de outubro de 2020 no dia de São Francisco de Assis, aos 96 anos)

Frei Policarpo é natural de Rodeio, Santa Catarina. Nasceu no dia 13 de julho de 1924. Iniciou seus estudos no Seminário de Rio Negro, no Paraná, aos 11 anos. Inácio, seu nome de batismo, tornou-se noviço aos 19 anos, em sua cidade natal, ingressando na Ordem dos Frades Menores no dia 20 de dezembro de 1943. Em seguida, estudou Filosofia em Curitiba (PR) e Teologia em Petrópolis (RJ). Fez a Profissão Solene no dia 21 de dezembro de 1947 e foi ordenado sacerdote no dia 25 de julho de 1950, passando a ser chamado de Frei Policarpo.
O frade é um dos 11 filhos de Melânia e Félix Berri. Depois de uma breve passagem pela cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, foi transferido para a cidade de Francisco Beltrão (PR). E depois, com 32 anos de idade, em 1956, mudou-se para Pato Branco.

Frei Policarpo com os pais Melânia e Félix Berri, no dia em que recebeu o hábito franciscano no Noviciado de Rodeio, SC.

Chegou em Pato Branco nos tempos em que a região Sudoeste vivia a agitação dos conflitos de terra, em 1956. Contava que “as ruas da cidade e as estradas eram de terra, havia muita poeira em tempo seco e muita lama quando chovia. Quando a gente passava na região do Horizonte, em Palmas, tinha dezenas de caminhões de madeira parados porque não conseguiam seguir viagem. Era tudo muito difícil, tudo muito longe. A gente andava a cavalo ou a pé. Para ir rezar missa em Vitorino demorava quatro horas. Nos enterros também a gente ia a pé. Rezava a missa na Igreja e depois ia a pé até o cemitério, no Bairro Bortot. Muita lama. O hábito ficava até a barriga de lama”.

Na Revolta dos Posseiros, em 1957, mediou reuniões importantes com agricultores. Numa delas, representantes de partidos políticos se reuniram no pavilhão da Igreja e chamaram Fei Policarpo para mediar as conversas. Ivo Thomazoni, locutor da Rádio Colméia, usou o rádio para convocar os colonos para se reunirem na praça. Partidos de oposição ameaçaram queimar a rádio, que “defendia” os agricultores.

Frei Policarpo usava a emissora para acalmar os ânimos e pedir paz. Em 11 de outubro a revolta tinha terminado e, na sequência, as terras foram legalizadas para os agricultores. O frade contava que só participou das negociações porque era o único padre que estava disponível, sem demonstrar qualquer orgulho pelo feito.


“FREI POLICARPO, UMA BÊNÇÃO PARA PATO BRANCO”
Segundo a Associação de Letras e Artes de Pato Branco, Frei Policarpo foi um agraciado pela abundância da graça divina e genialidade intelectual no mundo da música. “Andava pelas ruas da cidade irradiando amor e humildade, gostava dos animais, de pedir que as pragas deixem as plantações. Era um Francisco de Assis nas ruas de Pato Branco”.
O órgão de tubos da Igreja Matriz, um dos poucos no Brasil, a Rádio Colméia, a TV Sudoeste, são frutos materiais desse servo de Deus que dizia: “Não se pode ficar pensando, é preciso agir rápido, é preciso ir buscar.”
“Pato Branco deve a esse homem não só os caminhos da Fé, mas também os do Progresso. Benditas as mãos que sabem distribuir gratuitamente a Bênção de Deus, que sabem acalmar e curar as feridas do corpo e da alma. Abençoado o homem que se levantava de madrugada, caminhava pelas ruas, distribuindo bondade, amor e fé, visitando os hospitais. Com certeza, os nossos médicos presenciaram curas que não conseguiram explicar. Como bem disse um obstetra de Pato Branco: “Isto é inexplicável!”. Frei Policarpo ,uma bênção para Pato Branco”.


UM EMPREENDEDOR


Policarpo foi também um dos idealizadores da Rede Celinauta de Comunicação, e batalhou pela aquisição da rádio FM e pela concessão do canal de televisão da rede. Com sua participação, hoje a rede Celinauta é o maior grupo de comunicação sob coordenação franciscana no país, e é composta pelas rádios Celinauta AM e Movimento FM e pela TV Sudoeste.

AMIGOS DO BEM
Conhecido por suas caminhadas diárias pelas ruas de Pato Branco, o padre, que há 63 anos residiu no município, criou vínculos sinceros de amizade e, nos seus quase 70 anos de sacerdócio, atraiu inúmeros fiéis, que vinham de outras regiões somente para receber sua benção.


FIGURA CONHECIDA



O Pároco, Frei Alex Sandro Ciarnoski, que chegou na Paróquia no inicio do ano de 2020, destaca que já conhecia Policarpo e sua famosa trajetória como evangelizador. Para Frei Alex, trabalhar com o Frei Policarpo foi motivo de alegria e desafios diários, pois segundo ele, conviver com uma pessoa que vive santamente é uma responsabilidade. “Ele despertava em nós o desejo de ter uma grande dedicação à comunidade e ao povo de Deus. Conviver com ele foi muito gratificante, pois foi um homem extremamente fraterno. Uma pessoa de bem com a vida”.
De acordo com frei Alex, é perceptível a importância do amigo, para os pato-branquenses. “Nas comunidades e nas celebrações por onde passamos, muitos pediam por ele. Alguns fiéis até nos davam papéis com pedidos de bênção, de oração e intercessão, para entregar ao frei”.

FREI POLICARPO ABENÇOOU A TOCHA OLÍMPICA RIO 2016
Durante a passagem da Tocha Olímpica, das Olímpiadas do Rio de 2016, pelo município de Paro Branco, uma das seis cidades do Paraná e uma das 300 do Brasil a realizar a celebração com o percurso da Tocha Olímpica, Frei Policarpo Berri, foi homenageado e, em sinal de seus trabalhos, recebeu do município uma placa que marcou essa data tão importante. No palco ao lado da matriz, no centro da cidade, o silêncio ganhou lugar entre as fanfarreias bandas, e Frei Policarpo, já conhecido pelos seus numerosos feitos, invocou a bênção de São Francisco sobre todos os presentes, pedindo por “todos os povos do mundo, todas as pessoas que participavam do evento extraordinário”, como também a cidade e, especialmente, a Tocha Olímpica.

FREI POLICARPO ABENÇOA INÍCIO DE VOOS COMERCIAIS EM PATO BRANCO


Frei Policarpo Berri abençoou a inauguração da linha aérea da empresa Azul, que faz o trecho entre Pato Branco e Curitiba, na inauguração do aeroporto de Pato Branco. O primeiro voo ocorreu no dia 10 de janeiro de 2020. Frei Policarpo também era convidado para a primeira viagem, mas por conta da saúde frágil, não pode participar.



Pato Branco perdeu Frei Policarpo, em 4 de outubro de 2020 no dia de São Francisco de Assis, aos 96 anos. Foi como franciscano que ele dedicou 70 anos de sua vida ao sacerdócio, maior parte desse tempo em Pato Branco.  Foram 64 anos atendendo e abençoando a população do sudoeste paranaense.